25 de janeiro de 2007

Meu museu particular da computação

Ontem estava lembrando dos computadores que eu conheci, desde a minha infância em São Paulo, passando pela minha adolescência em Dourados (MS) e chegando ao penúltimo semestre do meu curso em Belém do Pará.

Quem começou a mexer com computação lá em casa foi meu irmão mais velho, o Paulo. Ele ganhou do meu pai um Aplle TK-3000, na época era uma máquina de fazer inveja. A gente ligava na TV (monitor não era algo usual em pc's), e era só apertar o botão de ligar que ele mostrava um monte de letrinhas brancas na tela preta. Eu não entendia nada, mas ficava fascinado. Acho que eu tinha uns 5 ou 6 anos.

O drive de disquete de 5 1/4" tinha quase o tamanho de um dicionário Aurélio, e era separado do computador. O disquete em si devia ter o tamanho de um CD. Não consigo lembrar, e não tenho nenhum em mãos agora pra tirar a dúvida.

Lembro também que o Paulo ficava horas e horas aprendendo a usar aquela máquina, digitando imensos programas BASIC que vinham nas revistas de programação que meu pai comprava. Geralmente meus pais ditavam o programa e o Paulo digitava, e eu ficava olhando. Mas eu não gostava de programar; pra mim, copiar um monte de letras e números era tedioso, porque eu não entendia como é que aquelas 12000 linhas de GOTO's, FOR's e NEXT's conseguiam dar vida a um cobrinha que ficava andando pela tela, ou a uma bolinha de pingue-pongue e duas raquetes que a gente podia controlar pelo teclado. Até arriscava copiar alguns programas, sempre os menores (as revistas tinha seções para separar os programas 'fáceis" dos "difíceis"). Mas o resultados era um monte de mensagens de erro, que eu não entendia mas que hoje sei que aconteciam por causa de erros de digitação.

Minha maior diversão eram os jogos que o papai comprava em fitas K-7. É, aquelas fitas de música. Naquela época, elas eram muito usadas para guardar dados, como os pendrive's ou CD's de hoje. Os drives de disquete eram caros, então quem não podia comprar ligava o gravador de fita K-7 no PC, através de um cabo de áudio e de uma entrada que a maioria dos PC's possuía. Funcionava assim: a gente colocava a fita no gravador, e apertava REC. Aí, na mesma hora, tinha que digitar o comando SAVE (salvar) no computador, e ele salvava o arquivo desejado na fita. Depois que o processo era completado, bastava apertar STOP no gravador. Para recuperar os dados, a gente rebobinava a fita, apertava PLAY e mandava o computador ler o arquivo, mas não consigo lembrar o comando. Devia ser LOAD, ou algo assim. Fácil, né?

O tempo foi passando, e o papai comprou outro modelo. Agora era um MSX, da Gradiente. Eu devia ter uns 7 anos.

O nosso não tinha drive de disquete embutido, mas havia outro modelo parecido que possuía. E já tinha diminuído: agora eram disquetes de 3 1/2", ou o tamanho de um mini-CD. Mas o MSX tinha uma novidade bem bacana: dois encaixes para cartuchos de memória (tipo aqueles de vídeo-game). Mas os cartuchos que podiam ser regravados, como as fitas eram, eram mais caros que os cartuchos que só podiam ser lidos.

E ele tinha um monitor também, que combinava com o desenho do computador. O teclado era separado, com mais teclas que o TK-3000 e mais bonito também. Só não tínhamos mouse.

Mais pra frente, quando eu já morava em Dourados (MS), quando eu já estava com uns 10 anos, ganhamos um PC-XT. Não lembro o fabricante. Ele tinha mouse, teclado, monitor de fósforo verde (ou seja, podia mostrar imagens em tons de verde com fundo preto) e drive de disquete embutido. Também tinha, acreditem, um Disco Rígido (mais conhecido como HD, ou "Hard Drive"). Tinha a incrível capacidade de 20 Megabytes (MB).

Mas não se assute. Os software's, naquela época, eram bem menores e mais simples, então 20 MB era mais do que suficiente pra que fazia uso apenas de jogos, digitação de documentos ou desenho.

Foi naquele PC-XT que eu comecei a aprender a programar. Resolvi pegar umas revistas e livros do meu irmão e comecei não apenas a digitar, mas a tentar aprender o que eu estava digitando. Pra quê serviam aquelas palavras em inglês? O que elas mandavam o computador fazer? Como é que alguém fazia pra criar um programa que desenhava linhas e círculos em movimento quando a gente deixava o computador parado por uns 10 minutos? Eram perguntas que me fascinavam e intrigavam. Lembro de muitas noites em claro, lendo os livros de programação e levando bronca da minha mãe. Mas valeu à pena.

Tinha também as horas de diversão; eu adorava jogar Prince of Persia ou Indy 500. Ficava horas vidrado na tela, deixava até de comer. E lá vinha bronca da mamãe.

Mais ou menos aos 12 anos, vi meu irmão ganhar um PC-AT 386, com 33 MHz de clock e 2 MB de memória RAM. O HD devia ter uns 40 MB, mas não me recordo direito. A gente montou em casa, porque o papai trouxe as peças separadas, do Paraguay. Tinha mouse, teclado, joystick, monitor de 14 polegadas e colorido!... E o mais bacana: tinha CD-ROM e caixas de som. O papai trouxe uns CD's com programas de edição de imagens, enciclopédia com vídeos e textos, jogos, etc. Foi um barato.

Como meu irmão ficou com o AT, eu fiquei com o XT. Agora podia passar os dias na frente dele, sem me preocupar se o Paulo precisava usar ou não...

Mais tarde, aos 15 anos, já em Belém, ganhamos um PC-AT 486. Tinha 66 MHz de clock e 16 MB de RAM. Não lembro a capacidade do HD, mas não devia ter mais que 200 MB. Era muito parecido com o 386, só que mais rápido.

Quando eu fiz uns 18 anos, o Paulo já trabalhava e estava estudando Processamento de Dados na escola técnica. Juntou suas economias e comprou o próprio computador, um Pentium II de 266 MHz e 32 MB de RAM. Novamente não lembro a capacidade do HD. Nessa época os modelos com gabinete em "torre", ou seja, em que o monitor não ficava em cima do computador, mas ao lado, começaram a se tornar comuns.

Era o início da era da Internet no Brasil. Quando ele dormia fora na casa de algum amigo, ou saía e chegava só de madrugada, eu ficava horas em salas de bate-papo e navegando na "net". Mas a programação nunca saía da minha cabeça. Sempre tinha algum livro de cabeceira, alguma linguagem nova pra aprender, algum erro misteriosos pra desvendar.

Quando entrei no segundo ano de Cefet (que antes era a Escola Técnica onde meu irmão estudou, e que mudou de nome), no curso de Eletrônica, por volta de 2000 (aos 19 anos), consegui um estágio numa empresa grande, e eles pagavam um salário razoável para um estágio de nível médio. Isso me permitiu convencer minha mãe a me ajudar a comprar um PC que fosse só meu. Enchi o saco e consegui impor minha escolha: um Dell, com configuração bastante avançada pra época. Pentium III, 866 MHz, 64 MB de RAM, HD de 20 GB. Tinha também gravadora de CD, boas caixas de som, monitor de 15 polegadas, mouse com "rodinha", 2 entradas USB, placa de vídeo 3D... Enfim, era tudo o que eu sonhava.

Ele funciona direitinho até hoje (apesar de ter passado por uns dois ou três upgrades), e está no quarto da minha mãe.

Hoje, aos 25 e no final do curso de Engenharia de Computação, tenho um pc com processador AMD Athlon 64, 512 MB de RAM, 4 entradas USB, gravadora de DVD, monitor de 17 polegadas e um teclado bonito, cheio de teclas especiais que eu nunca uso mas que dão toque de modernidade.

E prometo que, daqui a vinte anos, eu volto aqui e conto como terão sido os meus próximos brinquedos de programação.

6 comentários:

  1. eu tive um computador parecido com esse primeiro.. tive tb jogos em fita k7

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  2. bacana esse museu, eu cheguei a azuar um z80 tk 90x, aqueles que se ligavan diretamente a tv, todo em lingugem basic. Ivaldo

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  3. Eita... o mais "primordial" que passou aqui em casa foi um que possuía 3GB, processador de 400mhz... eu devia ter uns 8 anos. Brincava no paint que era uma maravilha. Depois enchí o saco do meu pai, e ele me deu um computador só pra mim, quando eu tinha 13 anos... 800mhz, 20gb, 64mb de memória de vídeo, 128mb de ram... até hoje a placa de vídeo presta, mas o que me surpreende é o monitor guerreiro do meu pai, que sobrevive desde o primeiro pc (aquele, de 3gb), depois de uns 10 anos. Palmas pra ele...

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  4. Legal essa retrospectiva.
    O meu primeiro PC, comprado em 95, quando eu tinha 8 anos, foi um Pentium 100 que vinha com Windows 3.1.

    Sobre o comentário da Raquel, o monitor que veio com ele ate hoje funciona também!

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  5. Que coisa mais gay... Diga aí, na tua terra não tinha mulher não, meu velho? Com 15 anos de carreira tive muito mais micros que vc mas não fiquei punhetando eles, não, irmão!

    Paz

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  6. Já estive no museu de mountain view, beeeeem bacana! Tb tenho alguns textos vídeos que talvez te interesse ou aos seus leitores:
    Correia transportadora, Fabricação de estruturas metálicas, Pontes metálicas, Pontes rolantes, Pivô central, Correia transportadora. Obrigado. Grd abço!

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