
Quem começou a mexer com computação lá em casa foi meu irmão mais velho, o Paulo. Ele ganhou do meu pai um Aplle TK-3000, na época era uma máquina de fazer inveja. A gente ligava na TV (monitor não era algo usual em pc's), e era só apertar o botão de ligar que ele mostrava um monte de letrinhas brancas na tela preta. Eu não entendia nada, mas ficava fascinado. Acho que eu tinha uns 5 ou 6 anos.
O drive de disquete de 5 1/4" tinha quase o tamanho de um dicionário Aurélio, e era separado do computador. O disquete em si devia ter o tamanho de um CD. Não consigo lembrar, e não tenho nenhum em mãos agora pra tirar a dúvida.
Lembro também que o Paulo ficava horas e horas aprendendo a usar aquela máquina, digitando imensos programas BASIC que vinham nas revistas de programação que meu pai comprava. Geralmente meus pais ditavam o programa e o Paulo digitava, e eu ficava olhando. Mas eu não gostava de programar; pra mim, copiar um monte de letras e números era tedioso, porque eu não entendia como é que aquelas 12000 linhas de GOTO's, FOR's e NEXT's conseguiam dar vida a um cobrinha que ficava andando pela tela, ou a uma bolinha de pingue-pongue e duas raquetes que a gente podia controlar pelo teclado. Até arriscava copiar alguns programas, sempre os menores (as revistas tinha seções para separar os programas 'fáceis" dos "difíceis"). Mas o resultados era um monte de mensagens de erro, que eu não entendia mas que hoje sei que aconteciam por causa de erros de digitação.

O tempo foi passando, e o papai comprou outro modelo. Agora era um MSX, da Gradiente. Eu devia ter uns 7 anos.

E ele tinha um monitor também, que combinava com o desenho do computador. O teclado era separado, com mais teclas que o TK-3000 e mais bonito também. Só não tínhamos mouse.
Mais pra frente, quando eu já morava em Dourados (MS), quando eu já estava com uns 10 anos, ganhamos um PC-XT. Não lembro o fabricante. Ele tinha mouse, teclado, monitor de fósforo verde (ou seja, podia mostrar imagens em tons de verde com fundo preto) e drive de disquete embutido. Também tinha, acreditem, um Disco Rígido (mais conhecido como HD, ou "Hard Drive"). Tinha a incrível capacidade de 20 Megabytes (MB).
Mas não se assute. Os software's, naquela época, eram bem menores e mais simples, então 20 MB era mais do que suficiente pra que fazia uso apenas de jogos, digitação de documentos ou desenho.

Tinha também as horas de diversão; eu adorava jogar Prince of Persia ou Indy 500. Ficava horas vidrado na tela, deixava até de comer. E lá vinha bronca da mamãe.
Mais ou menos aos 12 anos, vi meu irmão ganhar um PC-AT 386, com 33 MHz de clock e 2 MB de memória RAM. O HD devia ter uns 40 MB, mas não me recordo direito. A gente montou em casa, porque o papai trouxe as peças separadas, do Paraguay. Tinha mouse, teclado, joystick, monitor de 14 polegadas e colorido!... E o mais bacana: tinha CD-ROM e caixas de som. O papai trouxe uns CD's com programas de edição de imagens, enciclopédia com vídeos e textos, jogos, etc. Foi um barato.

Mais tarde, aos 15 anos, já em Belém, ganhamos um PC-AT 486. Tinha 66 MHz de clock e 16 MB de RAM. Não lembro a capacidade do HD, mas não devia ter mais que 200 MB. Era muito parecido com o 386, só que mais rápido.
Quando eu fiz uns 18 anos, o Paulo já trabalhava e estava estudando Processamento de Dados na escola técnica. Juntou suas economias e comprou o próprio computador, um Pentium II de 266 MHz e 32 MB de RAM. Novamente não lembro a capacidade do HD. Nessa época os modelos com gabinete em "torre", ou seja, em que o monitor não ficava em cima do computador, mas ao lado, começaram a se tornar comuns.

Quando entrei no segundo ano de Cefet (que antes era a Escola Técnica onde meu irmão estudou, e que mudou de nome), no curso de Eletrônica, por volta de 2000 (aos 19 anos), consegui um estágio numa empresa grande, e eles pagavam um salário razoável para um estágio de nível médio. Isso me permitiu convencer minha mãe a me ajudar a comprar um PC que fosse só meu. Enchi o saco e consegui impor minha escolha: um Dell, com configuração bastante avançada pra época. Pentium III, 866 MHz, 64 MB de RAM, HD de 20 GB. Tinha também gravadora de CD, boas caixas de som, monitor de 15 polegadas, mouse com "rodinha", 2 entradas USB, placa de vídeo 3D... Enfim, era tudo o que eu sonhava.

Hoje, aos 25 e no final do curso de Engenharia de Computação, tenho um pc com processador AMD Athlon 64, 512 MB de RAM, 4 entradas USB, gravadora de DVD, monitor de 17 polegadas e um teclado bonito, cheio de teclas especiais que eu nunca uso mas que dão toque de modernidade.
E prometo que, daqui a vinte anos, eu volto aqui e conto como terão sido os meus próximos brinquedos de programação.