3 de março de 2007

Somos piratas mas exigimos "nossos direitos"?

Ouça a gravação abaixo. É a reclamação de uma "consumidora" com relação à famosa "estrelinha azul" que apareceu no Windows XP dela, desde que ela aceitou uma das atualizações que a Microsoft oferece diariamente para os usuários do Windows.

Se quiser, dê uma lida antes nos parágrafos que seguem, pra reflexão.



É um assunto bastante controverso; muita gente foi pega de surpresa por essa "atualização", que não é uma atualização comum. Ela verifica se o Windows em questão é original e, se não for, desabilita o recebimento de novas atualizações importantes de segurança, que são essenciais para que o Windows fique um pouquinho menos vulnerável a invasores do que já é (e não é pouco). A atualização não pode ser revertida, apesar de já terem sido descobertas maneiras de burlá-la.

A atitude da microsoft nesse caso foi extremamente anti-ética, pois resolveu "fazer justiça com as próprias mãos", por assim dizer. Enganou milhões de usuários de Windows falsificados, presos à necessidade de utilizar um produto que ainda é padrão de mercado (mesmo estando fora do poder aquisitivo da maioria dos usuários de computadores pessoais), ao invés de utilizar meios legais para reverter a crescente pirataria de seus produtos.

Mas, paremos pra pensar: em que direitos estamos nos baseando para reclamar da Microsoft quando nós mesmos pirateamos algum produto dela? Acredito que os dois lados perdem a razão nesse caso; a Microsoft utiliza meios anti-éticos (e juridicamente duvidosos até) para lutar contra o que ela mesma considera anti-ético.

A única coisa que posso dizer, depois de rir muito após ouvir essa gravação, é que nenhum dois dois tem "direito" nenhum pra brigar nesse caso...

Se as senhoras que gritavam palavrões ao atendente da Microsoft (que diga-se de passagem não tem nada a ver com as decisões da MS e só fez cumprir ordens, muito calmamente por sinal) têm condições de comprar um produto original, que vão à loja de informática mais próxima de sua casa e adquiram o Windows então. (E que aproveitem pra comprar o Norton, ou o McAffee, ou façam o download de um dos bons antivírus gratuitos como o Avast ou o AVG, pois não é tirando a "estrelinha azul" que elas estarão livres de programas maliciosos em seus computadores, já que mesmo o Windows original não é garantia nenhuma de segurança.)

Sugiro também às duas que procurem algum dos milhares de bons cursos de Linux espalhados pelo Brasil, e experimentem instalá-lo em suas máquinas para teste. É totalmente gratuito (o Linux, não o curso). Quem sabe depois de fazer um esforcinho e aprender a utilizá-lo elas não precisem mais ficar ligando pra Microsoft e xingando o coitado do atendente?

E se a Microsoft se incomoda com a concorrência dos falsificadores, porque não utiliza meios legais e éticos para combatê-los, e não atualizações "de segurança" que enganam o usuário e de certa forma invadem sua privacidade sem prévio consentimento?